PROFIT-NON-PROFIT

E ao terceiro e último dia a Clinton Global Initiative anunciou os resultados deste ano: 7.3 biliões de dólares para ajuda ao desenvolvimento. Só o Mr. Virgin Richard Branson doou 3 biliões de dólares para iniciativas em bio-fuel, superando sozinho o valor total conseguido no ano passado (2,5 biliões).

Números impressionantes que demonstram uma capacidade inusitada do antigo Presidente Clinton para mobilizar fundos e pessoas. Como referia a Fortune, "Bill Gates has the money. But no one motivates people and moves mountains like Bill Clinton." Por vezes, o capital humano é o património mais valioso de uma organização. Ou será sempre?

"Growth is the byword for success at many organizations, but not for the Atlantic Philanthropies, a $3.8 billion foundation that has decided to give away its endowment and shutter its operations by 2020."

Seguindo ainda a linha de pensamento de Andrew Carnegie, há fundações que o concretizam, como esta, Atlantic Philanthropies,constituida em 1982 por Charles F. Feeney, co-fundador do Duty Free Shoppers Group, Ltd.. Em 2002, o Board of Trustees desta fundação decidiu gastar todo o seu património, de 3.8 biliões de dólares, em 20 anos, ou seja, até 2020, como forma de maximizar o impacto social das suas actividades. Enquanto a maior parte das fundações existentes consome grande parte das suas energias na multiplicação do seu património, como condição da sua própria perpetuidade, esta decidiu libertar-se deste constragimento e concentrar todos os seus esforços, a uma razão de 300 a 350 milhões de dólares por ano, em quatro áreas fundamentais: envelhecimento da população,crianças desfavorecidas e juventude, saúde pública e direitos humanos.

Todos sabemos que gastar dinheiro, em filantropia, é mais difícil do que ganhá-lo, mas um desafio é sempre um desafio.

Andrew Carnegie, um dos maiores filantropos do século passado, mas também um empresário notável, num texto de 1889, "The Gospel of Wealth", manifestava-se frontalmente contra a transmissão sucessória de riqueza, que considerava perniciosa tanto para a sociedade como para os seus beneficiários, e afirmava peremptoriamente que “o homem que morre rico, morre em desgraça...”. Em 1911, instituiu a Carnegie Corporation of New York, uma fundação ainda hoje é responsável pela distribuição filantrópica de milhões de dólares, e até 1919, ano da sua morte, doou mais de 90% da sua fortuna para o combate daquela que considerava a principal causa do atraso social, a ignorância.

Faltam homens desta estatura em Portugal.

Foram ontem conhecidos os "MacArthur Fellows" para 2006. Trata-se de uma iniciativa da MacArthur Foundation, com sede em Chicago, que todos os anos selecciona 25 indivíduos com base em três critérios aparentemente muito simples: criatividade excepcional, promessa de continuidade e potencial de desenvolvimento do trabalho criativo. Cada "MacArthur Fellow" recebe um prémio de 500 mil dólares, "no strings attached", desembolsado ao longo de cinco anos.

Na fotografia: John Zorn, um dos premiados deste ano.

Já sei que não fica bem puxar a brasa à nossa sardinha, mas aqui fica a publicidade enganosa ao nosso opúsculo sobre o sector não lucrativo. Teve um honroso lançamento em Janeiro deste ano e constitui um exemplo magnífico, passo o elogio, de um género muito apreciado no "estrangeiro". Sempre fomos muito refinados.

"Tudo-aquilo-que-sempre-quis-saber-sobre-o-sector-não-lucrativo-e-nunca-teve-coragem-para-perguntar", em versão compi(l)ada.

Obrigado, Raquel.

The ambitious founders of Google, the popular search engine company, have set up a philanthropy, giving it seed money of about $1 billion and a mandate to tackle poverty, disease and global warming. But unlike most charities, this one will be for-profit, allowing it to fund start-up companies, form partnerships with venture capitalists and even lobby Congress. It will also pay taxes.

Já se esperava, mas significa uma aproximação à filantropia bem diferente do habitual, sem preconceitos, aqui.